domingo, novembro 26, 2006

Piscinas

A proliferação de piscinas particulares na área do plano aliada à elevada sensibilidade ambiental desta área, sobretudo ao nível dos recursos solo e água, impõe a consideração deste aspecto no PIER.

Os esquemas de tratamento de água convencionais em piscinas públicas e privadas recorrem a sistemas de bombagem, implicando grandes gastos energéticos, e envolvem a adição de reagentes que visam destruir a microbiologia do meio, como o cloro ou o cloreto de sódio. Contudo, os esquemas de tratamento de água em piscinas têm vindo a ser objecto de inovação no âmbito de tecnologias mais sustentáveis que exploram ao máximo a cooperação com agentes e processos biológicos.

Os processos de tratamento por cloro são comprovadamente agressivos para os próprios utilizadores, provocando irritações na pele e nas vias respiratórias. O mesmo não ocorre no caso do tratamento por cloreto de sódio (sal) que, mesmo em concentrações relativamente baixas, garante uma qualidade na água compatível com o uso antrópico sem contra-indicações.

No entanto há que acautelar os impactes destes reagentes no meio receptor – a jusante da piscina. Os sistemas de bombagem necessitam de efectuar descargas frequentes com o objectivo da limpeza dos respectivos filtros. É frequente que estas descargas se façam directamente para o solo ou, no melhor dos casos, para a rede de drenagem pública ou na sua falta, para fossas privadas.

O impacte do sal sobre o solo é muito negativo, constituindo uma destruição directa do habitat para a flora e para boa parte da microbiologia. O sal tende a concentrar-se à superfície do solo sendo posteriormente conduzido para as linhas de água pelas águas pluviais – pelo caminho deixa um rasto de devastação na flora.

Já o cloro tem um comportamento diferente. Em contacto com matéria orgânica o cloro dá origem à formação de compostos organoclorados (da família dos trihalometanos onde se inclui o DDT[1]) que além de cancerígenos têm uma estabilidade química que lhes confere uma reduzida biodegradabilidade.

Assim o único reagente, de tratamento para a água de piscinas, admitido na área do PIER é o oxigénio ou outros compostos que resultem num tratamento por oxigenação (ozono, peróxido de hidrogénio, entre outros).

Este processo de tratamento por oxigenação pode ser promovido por meios mecânicos – adição de reagentes oxidantes à base de oxigénio - ou biológicos – levados a cabo por plantas aquáticas.

A justificação para a exigência do tratamento por oxigenação encontra-se nos impactes negativos decorrentes do uso de sal ou cloro mas também nas externalidades positivas que resultam do armazenamento de água com qualidade como sejam:

  • Poder ser usada para rega ou para combate a incêndios funcionando como reserva particular em caso de emergência;
  • Servir de bebedouro para aves e quirópteros.


Fig.1) bio-piscina em S. Bartolomeu de Messines
Fonte: Bio-piscinas, Lda

Como forma de incentivar à adopção de práticas mais sustentáveis, o proprietário de uma parcela que pretenda implantar uma piscina com tratamento por processos biológicos (bio-piscina) beneficia de um aumento do índice de impermeabilização em 0,7. Este facto prende-se com a necessidade de dispor de uma área maior, para além da área útil, onde se processe o tratamento biológico, tal como indicado nas figuras seguintes.

Fig.2) Esquema de uma bio-piscina
Fonte: Bio-piscinas, Lda


Fig.3) Bio-piscina em Silves
Fonte: Bio-piscinas, Lda


[1] sigla de Dicloro-Difenil-Tricloroetano, um pesticida actualmente proibido a nível internacional. Este composto cancerígeno tende a acumular-se ao longo da cadeia trófica tendo efeitos particularmente graves nos seres que ocupam os níveis superiores.